Teoria  |  Arquitetura e amor: a estratégia de trabalho em casais – Inés Toscano
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Autora  Inés Toscano

Em 2014, a autora iniciou um duplo caminho de aprendizagem: como arquiteta e como esposa e companheira de um arquiteto. Compreendeu que sua incomodidade não era subjetiva, mas decorrente da disfuncionalidade do sistema. Assim, a consciência feminista e a irmandade – com a sua nova energia – guiaram um trabalho de reformulação em torno do amor, da colaboração e do conhecimento arquitetônico. Apresentamos abaixo a pesquisa de Inés Toscano sobre
as contradições e contribuições profissionais dos casais de arquitetos. Em seu web site couplingstactic.com, ela mapeia os casais categorizando-os através do tempo e por regiões em um gráfico interativo que também cresce com as contribuições dos leitores. Consequentemente, em seu curso feminista “Gender Masquerade,” os alunos de pós-graduação da Universidade de Ciências Aplicadas de Anhalt contam a história destas colaborações criando obras de teatro.

Couplings’ Tactic

Alguns arquitetos ainda perseguem o conceito romântico do século XIX de se tornarem especialistas em construção e terem seu sobrenome inscrito em uma obra. No entanto, o modelo da École des Beaux Arts tem pouco a ver com as relações que existem na produção da arquitetura contemporânea(1). A disciplina ganha vida através da colaboração. Arquitetos, construtores, engenheiros, designers de interiores, paisagistas, empregados e até mesmo clientes devem ser considerados como colaboradores. Além disso, no caso da arquitetura, que trata com wicked problems(2), é ainda mais enriquecedor quando as mentes vêm de contextos e disciplinas diversas. Como profissão, a arquitetura tem o propósito de mediar as relações entre seus praticantes e a cultura na qual se insere(3).

Com o aumento da participação das mulheres na arquitetura no século XX, houve uma ênfase no trabalho colaborativo e na retroalimentação interdisciplinar. Uma tendência que pode ser identificada é que, desde então, várias mulheres têm encontrado uma forma de contribuir para a arquitetura ao colaborar com seus maridos: Margaret Macdonald trabalhou com Charles Rennie Mackintosh, Ray com Charles Eames e Aino com Alvar Alto. Em outros casos, o vínculo foi apenas profissional, como Anne Tyng com Louis Kahn. Graças aos recentes esforços, especialmente das pesquisadoras feministas, começamos a ouvir seus nomes, embora muitas permaneçam desconhecidas. Couplings(4) – associações profissionais que também são íntimas – são instâncias únicas em que homens e mulheres estão, pela primeira vez, no mesmo nível. Nesses casos, os profissionais optaram pelo trabalho em equipe em vez do individualismo, e há uma grande diversidade de mentes criativas. Quando descobrimos que Daniel Libeskind teve como sócia sua esposa Nina Libeskind – militante social e política – no projeto do Museu Judaico em Berlim, o quebra-cabeça se completa. Esse elemento é essencial para compreender o trabalho desse escritório, que se transforma após essa colaboração. O mesmo se aplica ao trabalho de Mies van der Rohe antes da chegada de Lilly Reich. Mies não havia incursionado no mundo do design de materiais ou mobiliário até à chegada de Lilly. Historicamente, os gênios que conhecemos não poderiam ter alcançado o sucesso sem a ajuda de suas esposas. No início do século XX, a norma era que as esposas dirigissem os escritórios, criassem os filhos e os idolatrassem. Por estas razões, talvez, Charles Eames nunca ousou deixar Ray por sua amante, nem Ray optou por abandoná-lo. Quando as mulheres deixam a casa para trabalhar ao lado dos maridos, surgem problemas e é preciso criar um novo equilíbrio.

No entanto, a questão dos casais onde ambos são arquitetos é relativamente nova. Em nenhum outro lugar podemos analisar melhor a cooperação equitativa de gênero do que com arquitetos que trabalham e vivem juntos. Nos casais íntimo-profissionais, os limites entre o doméstico e o profissional são indefinidos e essa dinâmica leva a subsequentes benefícios e problemas. Como com qualquer sócio, os casais de arquitetos projetam, viajam e tomam decisões de trabalho, com a diferença que, ao mesmo tempo, vivem juntos. O âmbito pessoal e de trabalho é um só. Alguns casais consideram que a colaboração é estimulante, que o processo criativo é ininterrupto e mais direto e que os resultados são mais completos. Alison Smithson usou a palavra “telepático” para descrever a sintonia com o seu companheiro Peter Smithson. Peter Cook vê o fenômeno que experimenta com Yael Reisner como uma espécie de “empoderamento” dos casais, e ressalta: “qual é a melhor forma de organizar um seminário que no seu próprio quarto?”(5). Outros casais, porém, expressam que é perigoso competir e não alimentar suas ideias, já que as discussões podem se transformar em brigas conjugais. É interessante ver como as tarefas são divididas quando ambos trabalham. A questão do cuidado da casa, seja das crianças ou da limpeza, é geralmente complexa. Estas tarefas, que podem ser consideradas “trabalho reprodutivo”, sustentam a vida diária sem reconhecimento ou pagamento. Como nem a licença maternidade nem a paternidade estão bem estabelecidas na arquitetura, muitos casais contemporâneos optam por partilhar a responsabilidade ao levar os seus filhos ao escritório e em viagens, como Denise Scott Brown e Robert Venturi; já outros optam por se afastar para cuidar dos seus filhos, como Atxu Amann do escritório amanncanovasmaruri. Também é certo que vários casais deliberaram por não ter filhos, como Liz Diller e Ricardo Scofidio.

A percepção binária da sociedade, pelo menos no seu espectro criativo, classifica muitas vezes as mulheres arquitetas como se estivessem exercendo a profissão meio período, em projetos de interiores ou residenciais, ou no meio acadêmico, enquanto cuidam da família. Os homens, por outro lado, são supostamente os responsáveis pelas relações com os clientes e pelo projeto arquitetônico. Estes estereótipos são prejudiciais ao potencial do trabalho em conjunto. Ao observar os casais de perto, pode-se ver que os supostos padrões de gênero não são a norma. Para trabalhar com sucesso, os companheiros seguem mais os pontos fortes do que os estereótipos profissionais. Carmen Velasco Portinho, que colaborou com Affonso Reidy durante a modernidade brasileira dos anos 60, atuou como engenheira do Departamento de Obras Públicas do Rio de Janeiro e foi responsável pelo projeto estrutural de obras impressionantes, como o complexo residencial Pedregulho. No caso de Billie Tsien e Tod Williams, o arquiteto nova-yorkino declarou aberta e criticamente que ele é bom na escolha de tecidos. No Studio Gang, dirigido por Jeanne Gang e Mark Schendel, ela é a fundadora criativa e referência pública enquanto ele trabalha como gerente administrativo, no controle dos prazos e orçamentos das obras que realizam. Há também muito que aprender com casais do mesmo sexo, como Paul Rudolph com Ernst Wagner e Jan Duiker com Bernard Bijvoet, pois não há papéis de acordo ao gênero e as tarefas são divididas igualmente. Ou o caso da arquiteta bissexual Eileen Gray, que teve grandes problemas trabalhando com seu companheiro masculino, Jean Badovici, ao contrário de sua companheira feminina, Marisa Damia. Da mesma forma, é necessário prestar atenção aos casos de arquitetos não binários, como Canela Grandi, que, ao iniciar o processo de transição de gênero e deixar de dirigir seu escritório como Hugo Grandi, perdeu setenta por cento de sua clientela; assim, entendeu que ela mesmo havia colaborado para engendrar a discriminação contra as mulheres.

Por outro lado, a nova dinâmica de trabalho dos casais demonstra os avanços e lutas que o feminismo atravessou no âmbito da arquitetura. No final do século XIX, observou-se que as uniões aconteciam entre homens arquitetos com mulheres artistas, escultoras, atrizes, editoras, fotógrafas e decoradoras. Esta combinação interdisciplinar deu origem a uniões muito frutíferas, já que, sem a contribuição artística de Macdonald, a transcendência de Mackintosh não teria sido a mesma, nem a de Walter sem Ise Gropius. Então, no final do século XIX, as mulheres puderam estudar a profissão e trabalharam no mesmo nível, como Margarete Schütte-Lihotzky com Wilhelm Schütte. Por sua vez, a primeira vez que o nome de dois associados representou uma prática conjunta foi nos Estados Unidos, em 1881, sob o nome de R.A. e L. Bethune, que correspondia a Louise e Robert Bethune. Isto não voltou a acontecer até que The Eames Office deixou de se chamar apenas Charles Eames. Foi com Alison e Peter Smithson, em 1950, que o nome da mulher apareceu primeiro e que o seu trabalho foi reconhecido conjuntamente. Em geral, o caminho para o estrelato foi difícil para as mulheres arquitetas. Algumas enterraram suas ambições quando se tornaram esposas e mães, mas ainda assim mostraram sua criatividade, como Delfina Gálvez de Williams com Amancio Williams. Outras brilharam como satélites dos seus companheiros, como Lilly Reich com Mies van der Rohe. E outras puderam ser estrelas no mesmo nível dos seus companheiros, como Sofia von Ellrichshausen com Mauricio Pezo.

Apesar dos bons resultados dessas colaborações, a insistência da arquitetura em retratar o arquiteto como um gênio, o sexismo rotineiro, a disparidade de salários (cerca de vinte por cento) e a falta de diversidade nas referências históricas, dificultaram enormemente a busca de um espaço na prática para as mulheres. Até mesmo Zaha Hadid foi forçada a fazer parceria com Patrick Schumacher em um momento difícil de sua carreira. Os historiadores omitiram da arquitetura as colaboradoras. Como diz Denise Scott Brown, nunca saberemos se existiu uma  Palladia(6)  (Palladio em mulher), já que são fantasmas sobre os quais ninguém escreveu(7). Além disso, muitas mulheres sofreram com os erros de imprensa, como Madelon Vriesendorp com Rem Koolhaas, e outras com omissões de prêmios, como com Denise Scott Brown, quando Robert Venturi levou o Pritzker em 1991 por seus trinta anos de trabalho conjunto. Essa omissão voltou a se repetir em 2012, quando o prêmio dado a Wang Shu não mencionou a Lu Wenyu. Essa reiteração gerou, no ano seguinte, uma petição para reconhecer Scott Brown como vencedora em 1991, mas nem mesmo este esforço foi capaz de criar um precedente, pois foi rejeitado pelo comitê. Scott Brown foi uma das arquitetas mais sinceras sobre os desafios de trabalhar com o companheiro. No seu famoso texto “Room at the top? Sexism and the Star System in Architecture”, publicado em 1989, descreve uma a uma suas experiências traumáticas. Por exemplo, como se referiam à sua ideia como “o pato de Venturi”, ou sobre as vezes em que Philip Johnson organizava os jantares dos arquitetos e não a convidava porque era “esposa”, ou quando os jornalistas passavam a entrevista inteira falando com Venturi sobre as suas realizações e a ela só perguntavam sobre os seus “problemas de mulher”. A obsessão de resgatar um único arquiteto como o criador de tudo passa pela cultura arquitetônica. Mesmo em estúdios com múltiplos fundadores, como no caso do MVDRV, somente se fala das obras realizadas por Winy Maas. Mas a participação de Jacob van Rijs e Nathalie de Vries – que são um casal – é central. Mas afinal, não importa quem é o gerador da ideia, a questão é que juntos eles são melhores.

Os casais-sócios podem ter sido considerados instâncias isoladas de união na história da arquitetura, mas a tendência desta estratégia profissional está crescendo exponencialmente. Embora não seja uma escolha profissional em todos os casos, os arquitetos compartilham uma visão de mundo e uma linguagem comuns, e são frequentemente escolhidos como companheiros de vida. Basta olhar para a Bauhaus, na qual não só se uniu a arte com o ofício e a indústria, mas que também foram gerados quase setenta casais (entre estudantes e entre professores e estudantes) ao longo dos seus quatorze anos de instituição, sem contar com as numerosas relações extraconjugais. Vários arquitetos estão abandonando escritórios de arquitetura e se juntando-se aos seus pares: Pablo Castro e Jennifer Lee, Dana Wood e Amale Andraos, Diana Agrest e Mario Gandelsonas, e Meejin Yoon e Eric Höweler. Finalmente, é aceitável ter um escritório colaborativo e diversificado. Como aponta Colomina, há uma linha de identificação onde os Eames são amados pelos Smithsons, que são idolatrados por Miralles e Pinos(8). Mas a cadeia não termina aqui, continua com Eva Prats e Ricardo Flores, que trabalharam com eles em diferentes momentos. Além disso, os escritórios de arquitetura colaborativa optam por abandonar a denominação tradicional de sobrenomes para nomes conceituais que refletem o elemento criativo que compartilham, como no caso de Farshid Moussavi e Alejandro Zaera Polo com o dissolvido Foreign Office Architects.

Criar uma consciência sobre a existência de uma estrutura conservadora na arquitetura e propor uma forma inclusiva de trabalhar é um passo em direção ao conhecimento e à mudança. Os casais que colaboram profissionalmente não só expõem questões críticas de gênero no campo criativo e ajudam a reescrever a história da arquitetura tendenciosa para poucos, mas também representam uma forma de trabalhar sob diferentes diretrizes éticas como forma de colaboração, intercâmbio interdisciplinar, diversidade e tolerância. É uma estratégia para a igualdade de gênero na forma como a arquitetura é praticada. De um ponto de vista feminista interseccional, a arquitetura pode avançar quando os papéis estereotipados de gênero são desmascarados e os recursos, as oportunidades e o apoio estão disponíveis para todos os seres humanos, independentemente do sexo biológico, da raça e da sexualidade. Talvez o sistema arquitetônico criador de estrelas possa mudar para organizar-se através de constelações e, felizmente, prosperar.

1 Scott Brown, Denise. “Room at the Top? Sexism and the Star System”. Gender Space Architecture: An Interdisciplinary Introduction, 1989. pág. 260.
2 Rittel, Horst; Webber, Melvin M. “Dilemmas in a general theory of planning”. Policy sciences 4, nº 2, 1973. pág. 155.
3 Cuff, Dana. Prólogo para The Architect: Chapters in the History of the Profession, por Kostof, Spiro, ed. University of California Press, 2000, vii.
4 Colomina, Beatriz. “Collaborations: the private life of modern architecture”. Journal of the Society of Architectural Historians 58, nº 3, 1999. p. 467.
5 Cook, Peter. “The need for upbeat-ness: it speaks volumes in both partnership and practice”. The Architectural Review, 28 de abril, 2011. Consultado en abril de 2018. Disponível no link. 
6 Scott Brown, Denise; Venturi, Robert. “I encourage young women to risk it and young men to discipline themselves”. Entrevista por Jorge Figueira em Jornal Arquitectos Ser Mulher, nº 242, 2011. págs. 34-35. Disponível no link.
7 Smithson, Alison. Citada em: Kirkham, Pat. Charles and Ray Eames: designers of the twentieth century. MIT Press, 1998. pág. 70.
8 Colomina, Beatriz. “Couplings”. Oase 51, 1999. pág. 23.
Mapeamento de casais através do tempo e por região
www.couplingstactic.com

A academia, como principal produtora e reprodutora de conhecimento, precisa de uma reconfiguração radical. Atitudes e práticas discriminatórias, que os graduados trazem à prática, requerem uma intervenção no mesmo nível da estrutura educativa(9). Apesar de hoje o número de estudantes ser quase igual em todo o mundo, metade das graduadas deixam a profissão e muito poucas das que permanecem têm posições de chefia. Por causa do sistema competitivo, hierárquico e patriarcal, as instituições desperdiçam recursos e a arquitetura perde potencial. Minha contribuição para este complexo problema foi a introdução de um curso feminista na Universidade de Ciências Aplicadas de Anhalt na Alemanha, a fim de preparar melhor os graduados para a política de gênero da profissão. O estudo da dinâmica dos casais de arquitetos e designers em diferentes momentos da história proporciona a base para apresentar minha abordagem inclusiva a todos os atores da profissão. “Gender Masquerade” [Baile de Máscaras] é uma pedagogia feminista interseccional para a igualdade de gênero na educação da arquitetura. O curso proativo consiste inicialmente em seminários, palestras e discussões em grupo sobre a arquitetura e os feminismos, e conclui com uma série de workshops de ativistas e uma apresentação final dos casais. A condição maleável e complexa do gênero é explorada através do método do jogo de papéis, como uma constante mascarada na sociedade. Há três semestres, os estudantes de arquitetura e design da universidade analisam um casal à sua escolha e depois personificam os arquitetos num determinado contexto temporal e cultural. Armam o roteiro, o vestuário, o cenário e preparam a sala para seus colegas de aula e convidados. Com uma experiência corporal completa, são motivados a reescrever a história da arquitetura e criticam a obra arquitetônica. A temática dos casais é uma forma acessível de abordar juntos questões complexas de gênero.

Os seguintes casais foram representados pelos estudantes e representam diferentes desafios do trabalho arquitetônico e de gênero.—

9 Stratigakos, Despina. Where are the Women Architects? New Jersey: Princeton University Press, 2016. pág. 21.
Representação 1:
Lilly Reich e Mies van der Rohe, Berlim 1928 e 1929
A primeira cena tem lugar no apartamento de Lilly em Berlim. Mies vai contar a Lilly, que foi sua amante e sócia durante mais de uma década, que Hermann Lange (apresentado a Mies por Lilly) convenceu o diretor do IG Farben para que projetem o Pavilhão Alemão em Barcelona. Depois de comemorar, Lilly lembra a Mies que o aniversário da filha dele está chegando. A segunda cena tem lugar no seu escritório da Werkbund, onde discutem o projeto do Pavilhão. Lilly sugere que Mies desenvolva a planta mais livremente, como fizeram com os projetos de exposição. Além disso, insiste que devem apresentar as ideias da Werkbund para o resto do mundo e que devem, portanto, refletir sobre a materialidade dos elementos e dos móveis. Juntos projetam a Cadeira Barcelona. Na terceira cena, duas pessoas visitam o Pavilhão um ano depois e ficam espantadas com o trabalho de Mies (sabem que outra pessoa participou na sua concepção, mas não se lembram do nome).
Representação 2:
Delfina Gálvez de Williams e Amancio Williams, Buenos Aires 1951 e 2005
A primeira cena tem lugar na casa dos Williams. Amancio está tentando resolver um problema com os paraguas [cobertura em forma de guarda-chuva] enquanto Delfina ensina italiano para um de seus seis filhos e, ao mesmo tempo, pinta aquarelas para promover o projeto de Pereyra Iraola para a família Williams. Amancio está com raiva porque sua família quer uma casa ao estilo Tudor e, segundo ele, sua família não tem bom gosto e não vão chegar a nenhum acordo. Delfina diz que eles precisam do dinheiro, já que não podem pagar a escola particular dos seus filhos. Amancio continua frustrado com os paraguas até que Delfina vai ajudá-lo e eles resolvem juntos a drenagem da água. Então Delfina pergunta o que responder em francês a Le Corbusier, mas Amancio está distraído e quer continuar projetando. A segunda cena reproduz a entrevista que Marina Zuccon e Sofia Picozzi fazem com Delfina. Os entrevistadores tentam saber da participação de Delfina nos primeiros projetos com Amancio, mas ela parece irritada com as perguntas feministas e insiste que ela fez coisas menores como o paisagismo e o design de interiores, e que não se importa com reconhecimento ou créditos: ela se importava com que a arquitetura funcionasse.
Representação 3:
Elizabeth Diller e Ricardo Scofidio, Nova York 2009
A primeira cena começa com Elizabeth Diller e Ricardo Scofidio dando uma entrevista e dois alunos por vídeo. Os alunos argumentam que Diller quer ser o centro das atenções e não parece deixar que Scofidio fale. A segunda cena ocorre no escritório do Diller Scofidio + Renfro, no qual os próprios alunos, agora funcionários, participam de uma reunião com um cliente. No desenrolar, entendem como a dinâmica do casal funciona: Diller é mais extrovertida e Scofidio fala pouco, mas com muita precisão. Ambos são líderes e se respeitam mutuamente. Finalmente, veem que eram movidos pelos seus preconceitos e não estavam habituados a que uma mulher dominasse a conversa. Todos os fatos foram baseados em entrevistas publicadas e testemunhos de ex-trabalhadores.
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