A arquitetura por si só não abrange apenas o que está construído; ela responde à maneira como vivemos e, ao mesmo tempo, molda esses modos. Nesse sentido, podemos dizer que é uma prática cultural que nos permite imaginar novas possibilidades de mundos.
A exposição da arquiteta mexicana Tatiana Bilbao, no Museu de Arte Moderna de Louisiana, explora e questiona a cultura histórica e as tradições construtivas do seu país natal. A paisagem, crucial para o seu trabalho, manifesta-se em diferentes escalas: parte do campo mexicano, atravessa as paisagens urbanas e chega até à “paisagem interior” do edifício.
Como imaginamos a cidade do futuro? Esta é a pergunta que o Wutopia Lab se fez ao projetar o primeiro museu de maquetes da China, que reúne projetos de renomados arquitetos do país e conforma, com esse conjunto, um imaginário possível para a metrópole.
Os três edifícios do escritório espanhol Lucas y Hernández-Gil que publicamos neste número articulam uma forma de projetar que integra arquitetura, design de móveis e design gráfico, baseada na curiosidade, na intuição e no artesanato e que visa gerar imagens fortes, derivadas da expressividade da luz e das texturas materiais.
A seção Prática abre com o projeto de Monadnock & De Zwarte Hond para o Parque Nacional De Hoge Veluwe, nos Países Baixos. O Park Pavilion, que alude a uma antiga casa de campo, é um dos poucos edifícios construídos no local e pretende reafirmar o vínculo entre arquitetura e paisagem. Um elemento icônico que procura se fundir organicamente com o entorno.
Os projetos publicados do moarqs, escritório argentino fundado e dirigido por Ignacio Montaldo, mostram programas, materiais e técnicas diversas com resoluções pragmáticas que se integram tanto em detalhes construtivos quanto em noções urbanas. Nas palavras de Francesc Planas Penadés, que introduz a seleção de obras, “não existem apriorismos formais desligados de uma concretização material plausível, mas sim, algumas vontades prévias que poderiam ser discutidas, ligadas a conotações fenomenológicas relacionadas com os usos da técnica ou com certas alterações tipológicas, provenientes da sua interação com o contexto imediato”.
Em que medida o controle dos espaços urbanos muda a noção do que é autenticamente público? Embora não exista uma resposta única para esta questão, ela está presente no texto O valor do urbano, de Felipe Walter, sobre o projeto Click Clack Medellín do Plan:b arquitectos. A obra, recentemente concluída na cidade colombiana, estabelece um precedente para a incorporação de espaços que, mesmo não sendo públicos, funcionam como centros de convergência para diferentes grupos e reativam as áreas circundantes.
A seção Prática conclui com uma seleção das obras mais recentes do escritório espanhol Barozzi/Veiga. A maioria dos seus projetos, elaborados a partir de concursos, abrange programas culturais ou educativos de grande escala, localizados em contextos urbanos frágeis e incompletos. A condição pública destas obras os motivou a explorar o coletivo e o específico, os contextos e os lugares, além da autonomia das formas, uma busca que chamaram de “uma monumentalidade sentimental”.
A seção Teoria desta edição é dedicada principalmente à reivindicação das contribuições das mulheres no campo da arquitetura e do urbanismo, muitas vezes invisibilizadas na história geral. Nesse sentido, o livro Mulheres, casas e cidades, Para além do umbral, de Zaida Muxí Martínez, do qual publicamos dois capítulos, dedica-se ao ambiente habitado: a casa como metáfora da arquitetura, a cidade como síntese das ações humanas.
Por outro lado, Arquitetas da modernidade. Os relatos historiográficos hegemônicos e aqueles “outros”, de Daniela Arias Laurino, revela como e porquea construção dos relatos arquitetônicos do Movimento Moderno deixou de fora muitas mulheres que exerciam a profissão e participaram dessa grande mudança paradigmática que marcou a arquitetura do século XX.
Ao mesmo tempo, a pesquisa de Inés Toscano, Arquitetura e amor: a estratégia de trabalho em casais, apresenta as contradições e contribuições no trabalho de casais de arquitetos desde 1880 até os nossos dias. O seu trabalho é baseado num percurso de aprendizagem duplo: como arquiteta e como esposa de um arquiteto.
Fecha a seção Teoria o projeto Alegorias de Amsterdã, do Studio Ossidiana, um escritório que atua na intersecção da arquitetura com as artes visuais. Este trabalho propõe reimaginar a área de Sixhaven como um espaço público experimental capaz de recriar uma identidade urbana para a cidade do futuro. Um porto coberto de água é habitado por vinte e uma ilhas experimentais que refletem poeticamente a identidade da cidade, os seus sonhos e obsessões, os seus desejos e idiossincrasias.—