Esta é a história de uma antiga fábrica de roupas que se tornaria um complexo habitacional. No entanto, a fábrica que se assemelhava a uma casa para “encaixar no contexto”, ideia do proprietário original, foi transformada em um bloco de apartamentos que remete a uma fábrica através de uma insinuação arquetípica e existencial.
Cada um dos três andares deveria conter dois departamentos, com um orçamento extremadamente ajustado que impunha uma “construção com padrão de habitação social”. No entanto, o andar livre existente permitia áreas generosas e vistas panorâmicas em cada apartamento, criando uma tensão espacial.
A geometria da planta começou a partir do alinhamento existente das colunas. O eixo, descentrado devido aos diferentes tamanhos das máquinas que ocupavam o espaço, proveu uma grelha de organização; a partir desse ponto, a geometria dominou o layout geral. Seis quartos quadrados, um deles dividido em dois espaços triangulares, uma curva e uma pequena dobra.
Para estabelecer uma ordem, regras desequilibradas, exceções e simetrias foram impostas. Uma sequência de portas azuis, separadas pela mesma distância, três colunas de concreto e a viga aparente produzem uma sensação de continuidade em todos os apartamentos.
A fachada é simples e ordenada, seguindo as regras ditadas pelo plano. O volume branco é enfatizado por uma grelha aparentemente regular de janelas idênticas; os canos de chuva são exuberantemente empregados.
A cornija velha, a aspereza da textura branca, a repetição da mesma abertura e a porta azul doméstica que marca a entrada do edifício mantêm uma linguagem arquitetônica. A economia de meios é apenas a contrapartida da retórica imposta.
Em PLOT 45 publicamos uma entrevista aos arquitetos Felipe Magalhães, Ana Luisa Soares e Ahmed Belkhodja, juntamente com quatro obras realizadas recentemente pelo escritório: Casa na Rua do Paraíso, Casa com uma parede curva, Casa São Brás e Casa pequena com um chuveiro monumental.