Fotografia Cortesia Gabriel Castro

A Casa Fundamental é uma escola de educação infantil e ensino fundamental. Foi concebida para ser um espaço de “ensino e aprendizagem, essencialmente do convívio, do debate educacional, do rigor acadêmico, da experimentação pedagógica, das relações mais cuidadosas e gentis”, como coloca os fundadores-educadores. O projeto arquitetônico da escola foi elaborado simultaneamente com a pesquisa de propostas educacionais inovadoras que levam em consideração o espaço como elemento ativo do processo de ensino e aprendizado, como Loris Malaguzzi e a rede Reggio Emilia, Herman Hertzberger e as escolas montessorianas, a Altschool e a pesquisadora Doris Kowaltowski.

Fotografia Cortesia Gabriel Castro
Fotografia Cortesia Gabriel Castro

De acordo com o mencionado anteriormente, o novo edifício foi pensado para potenciar a autonomia do aluno durante o processo de aprendizado. Por isso, o projeto preza pela transparência e integração, propondo um espaço relacional – integrado em termos estéticos e de desempenho, com fluidez entre as zonas funcionais.

Fotografia Cortesia Gabriel Castro

O projeto foi assentado em um galpão existente, configurando uma transformação de uso industrial para educacional. Uma escolha pouco convencional, mas com características interessantes por se tratar de um vão livre amplo, pé-direito alto e a pouca compartimentação do espaço.

Subsolo
1º andar

A integração com o bairro Castelo e a comunidade local é um dos pilares da Escola, que incorpora a praça pública Manoel de Barros como lugar para atividades externas com os alunos. Considerada como uma continuidade da rua, a praça interna proposta no projeto é o espaço articulador da escola, o ambiente de vivência coletiva, socialização, brincadeiras e eventos diversas para a comunidade escolar – alunos, pais e educadores – assim como vizinhos e habitantes do bairro.

Corte transversal
Corte transversal
Corte longitudinal
Corte longitudinal

Para proporcionar flexibilidade diante de uma dinâmica de ensino que muda ao longo do ano, as salas de aula para 20 alunos são abertas e tem um espaço amplo de 70 m2 para diversas configurações de layout. As portas de correr, com lousa branca na face interna, correm por um mesmo trilho variando as formas de acesso à sala ou abrindo completamente.

Configuração da aula com mesas individuais
Configuração da aula com mesa de reunião reta
Configuração da sala de aula com mesa de grupo em espiral

Por sua vez, a escola conta com um ateliê, pensado como espaço complementar a sala de aula para incentivar a experimentação e a pesquisa com materiais diversos, projeção de imagem e tecnologia; uma horta, pra colocar a mão na terra, acompanhar o crescimento das plantas, estabelecer uma relação direta com o alimento; e uma cozinha, com divisória transparente e bancada acessível para permitir participação das crianças.

Fotografia Cortesia Gabriel Castro
Fotografia Cortesia Gabriel Castro

O mobiliário projetado com rodízios permite várias modalidades de ensino simultâneas, maneiras variadas de postura e aprendizado. Há tanto os dispositivos que incentivam o trabalho em grupo, como as mini arquibancadas, como também o que possibilita o eventual recolhimento da criança, como o nicho. Cada sala apresenta sua própria biblioteca, provador de fantasias, pufes, tapete, mesas, espelhos, bancada e pia.

Axonometria do setor de grade
Axonometria de mobiliário

A nova infraestrutura é construída com uma variedade de materiais e texturas: madeira, cimento, ferro, azulejo serigrafado, fibra de vidro e uma paleta de cores moderadas que deixa o espaço convidativo para crianças sem estimular com exagero. Optou-se por deixar todas as instalações aparentes, assim como aspectos originais do galpão como a textura as paredes em bloco de concreto que foram apenas pintadas e o piso industrial de marmorite recuperado com a raspagem da tinta que o cobria.

Para resolver as condições críticas de temperatura, iluminação e acústica interviu-se na estrutura existente com a substituição de materiais de vedação por telha perfurada e cobogó, a criação de novas aberturas, o aumento das zenitais e um jateamento termo- acústico por cima do telhado. A escolha dos elementos vazados também se deu por seu efeito perceptivo, pois filtra a luz e a projeta de maneiras diferenciadas no ambiente no passar do dia.

Os elementos construtivos adotados foram perfis laminados de aço para compor a estrutura, Painéis Wall como sistema de lajes, Drywall e soluções de marcenaria e serralheria para divisórias e fechamentos verticais. Por serem modulares, também facilitam flexibilizações futuras.

Clique aqui para assinar a edição digital da PLOT com acesso grátis nos primeiros 6 meses de assinatura!