Pavilhão Martell

Instalação temporária do escritório espanhol selgascano realizada em Cognac, França, e comissionada pela Fundação Martell.

Fotografia Iwan Baan

O selgascano foi comissionado para construir uma instalação temporária site-specificpara o emblemático pátio da Fondation d’entreprise Martell, fundação dedicada, desde 2016, à promoção de eventos e programas culturais. A empresa Martell, criadapor Jean Martell em 1715, na cidade francesa de Cognac, é uma das produtoras de conhaque mais antigas do mundo.

A instalação do escritório espanhol está constituída como o pavilhão inaugural construído no pátio de 26 x 90 metros, enquanto se restaura o interior do edifício histórico. Em 2018, o pavilhão será desmontado e transferido para uma nova localização.

Por se tratar da primeira intervenção destas características, o Selgascano propôs ocupar a totalidade do local, como uma tela em branco, com a intenção de inspirar a artistas, arquitetos e designers que recebam o mesmo pedido no futuro.

Planta

“A segunda decisão importante para nós foi trabalhar com um único material. Devido às grandes dimensões do projeto, o material tinha que ser acessível e estar disponível em grandes quantidades. Também precisava ser leve, para sua fácil desmontagem e transferência para uma futura localização. Além disso, a leveza é um aspecto constante e integral de nosso trabalho, e vimos este projeto como uma possibilidade única de experimentar e explorar esse conceito ainda mais”, assinalaram os autores.

Diagramas: cortes da estrutura e do equipamento

“Outro conceito com o qual normalmente gostamos de trabalhar é com a ideia off-the-shelf [1]. Assim, começamos a buscar os materiais mais leves e disponíveis no mercado. Encontramos o que estávamos buscando escondido no catálogo da Onduline, uma empresa construtora francesa com presença mundial. Este material vem em rolo, é muito fino, apenas 1 mm de espessura, e foi fabricado com poliéster e fibra de vidro. Sua aparência e finura nos lembra o papel de arroz tradicional japonês. De repente, todo o exercício se focou em decifrar um método de trabalho com este material (papel de arroz, papel de fibra de vidro) e encontrar a maneira de brincar com sua forma para obter a maior rigidez possível.”

Cortes transversais
Fotografia Iwan Baan

“Percebemos que era um processo muito ingênuo e simples, quase como brincar distraído durante uma reunião com uma tira de papel, e com este vago passatempo acabamos criando um imenso bosque de papel no qual era possível entrar, passear e se perder dentro. Obviamente, quando tivemos que torna-lo real, edificável, apoiamo-nos em alguns materiais adicionais, como barras de aço adaptadas para a forma do papel, e, como não podíamos tocar o solo do pátio, acrescentamos algumas almofadas amarelas cheias de água para evitar que o papel saísse voando… Mas o deixamos voar um pouco, em uma suave vibração, que expressa perfeitamente a leveza da entidade. ”

[1] Algo que não é concebido ou fabricado por pedido, mas que já existe e é aproveitado.

Fotografia Iwan Baan

O Pavilhão Martell foi publicado na PLOT 41, juntamente com outras três obras recentemente realizadas pelo escritório selgascano: Second Home Lisboa, Pavilhão Serpentine, Palácio de Congressos e Auditório de Plasencia. A introdução às obras de selgascano, escrita pelos próprios arquitetos, reúne uma série de ideias, pensamentos, citações e associações livres que revelam uma prática atravessada na mesma medida por rigor disciplinar e intuição, vida e trabalho conformando uma união inseparável.